Um mistério assolou a internet nos últimos cinco dias: o que havia acontecido com o Gavião Real, que é símbolo do escudo do Manaus Futebol Clube?

Hoje, 05/06, o clube finalmente respondeu: foi uma ação em prol dos 50 anos do Dia do Meio Ambiente, comemorado hoje!

Para quem não acompanhou, no último dia 01/06, as redes sociais e demais comunicações do Manaus F.C. apresentaram uma mudança perceptível: no escudo do clube, notava-se a ausência de seu símbolo maior, o Gavião-Real, conhecido como harpia (Harpia Harpya), o animal de porte imponente é a maior ave de rapina do mundo. É muito característico da Amazônia, mas nos últimos anos esse predador tem sido ameaçado por atividades humanas, como a caça e o desmatamento.

Avatar que o clube usou durante a ação nas redes sociais.

Então, durante cinco dias que o escudo ficou sem o Gavião-Real, o Manaus Futebol Clube tentou fazer com que seguidores, simpatizantes e curiosos tivessem a experiência do que é um animal com risco de extinção sumisse.

O diretor de Marketing, Thiago Martins, deu mais detalhes, explicando todo o propósito da ação. "Na posição que o Manaus FC ocupa hoje, é importante que o clube seja porta-voz de temas relevantes e principalmente que deem visibilidade ao contexto do povo do norte. Temos feito isso com os uniformes - time da floresta e time de índios - além de trabalhar de maneira solidária em prol de outros irmãos da região, como pela causa dos povos originários e dos ribeirinhos. Sobre a ação do dia do Meio Ambiente, foi uma ideia audaciosa da nossa equipe de marketing, mas que trouxe atenção a causa, que pra muitos é visto de maneira macro. O sumiço da Harpia (o Gavião-Real) é apenas uma das grandes perdas que a luta pela preservação ambiental pode sofrer."

O presidente do clube, Giovanni Silva, reforça também sobre a importância de ressignificar rótulos que o povo do norte sofre, e aproveita para fazer essa reflexão: "Viajamos pelo Brasil inteiro e já tivemos que lidar com certas expressões que foram usadas de maneira ofensiva, como é o caso do 'time da floresta', o que não deveria ser motivo de vergonha, mas de orgulho por hoje o Manaus ser um clube situado em um dos maiores biomas do mundo. É nosso dever sair em defesa do Meio Ambiente!"

Por fim, o presidente de honra Luis Mitoso fala da responsabilidade social envolvida: “O Brasil concentra a maior biodiversidade do planeta e a Região Amazônica detém a maior fauna e flora do país. O meio ambiente é e sempre será ponto de defesa do Manaus FC, de toda a sua diretoria e envolvidos no clube. Inclusive, falo isso não apenas como presidente de honra, mas como vereador da cidade de Manaus, que sou. Tenho várias emendas à Lei Orgânica do Município de Manaus, Loman, e Leis aprovadas no parlamento que valorizam a temática regional. Ressalto minha Lei 1.731 de maio de 2013 que concede bolsa de estudo universitário a alunos do Ensino Médio que participem de programas ambientais implementados pelo Municípios de Manaus”.

A ação da comunicação esmeraldina foi em parceria com o Coletivo Vozes da Amazônia, com organização local da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), pela campanha “Eu Voto na Amazônia”, e a Associação Intercultural de Hip-Hop Urbanos da Amazônia. O apoio é do Instituto Clima e Sociedade (iCS). 

Ainda nesse domingo, na partida válida pela Série C do Campeonato Brasileiro de 2022, a equipe do Manaus Futebol Clube entrará com uma faixa dedicada à data de conscientização pelo meio ambiente com foco no bioma Amazônia. Exibindo a frase “O Meio Ambiente não pode virar história. O Futuro da Amazônia é agora!” e as hashtags “#DiadoMeioAmbiente50 anos” e “#AmazôniaéAgora”, a faixa foi destaque na abertura da competição contra o Altos F.C., realizada às 15h30 (horário local), no Estádio Ismael Benigno, na capital manauara.

O Coletivo Vozes da Amazônia é uma rede de organizações presentes na Amazônia Legal que compõem um movimento em prol da valorização do território amazônico, seu legado e futuro. Para o Dia do Meio Ambiente, data internacional que completa 50 anos de realização, desde o final de maio estão sendo realizados eventos, como saraus, rodas de conversa, intervenções urbanas em vários estados da Amazônia.



Quem também fez parte da ação é o Projeto Harpia, que o Manaus buscou dar visibilidade atráves da ação. O projeto já existe há 25 anos com o objetivo de defesa do Gavião-Real através de monitoramento de ninhos, resgate, reabilitação e devolução de aves de rapína, além de trabalhar a conscientização da conservação ambiental. Hoje, o projeto conta conta com o apoio de pesquisadores parceiros, voluntários de instituições como ICMBio, IBAMA, Universidades, professores e estudantes para a realização da coleta de dados, projetos de sensibilização eeducação ambiental, além da divulgação de informações no entorno de ninhos desta grande ave. Hoje em dia dezenas de ninhos de harpia são monitorados na Amazônia e na Mata Atlântica.

Câmera de monitoramento do Projeto Harpia em um dos ninhos na Amazônia Legal. Foto: Projeto Harpia

Para colaborar financeiramente com o projeto, doações podem ser enviadas via depósito bancário ou pix:

Instituto Últimos Refúgios
CNPJ 15.716.272/0001-60
Ag. 1802-3
CC 60112-8

Chave pix (e-mail) info@projetoharpia.org
Banco do Brasil

Você também pode colaborar comprando equipamentos que o projeto utiliza nas atividades de pesquisa como binóculos, câmeras trap. Ainda existe a possibilidade de colaborar com concessão do uso de veículos para transporte terrestre, fluvial e aérea nas atividades de resgate de harpias feridas, que tentam reabilitar e devolver a natureza. Para mais detalhes e especificações entrar em contato com o emai